EVOLUÇÃO... OU REGRESSÃO?


Somos constantemente confrontados com esta questão, quer nas nossas reflexões pessoais, quer em conversas com amigos e conhecidos. São muitas as observações que vamos fazendo do mundo, e as interpretações dos acontecimentos que nos afligem e preocupam.

Perante o atual estado da situação mundial, não é, realmente, difícil ceder à tentação de pôr em causa a crença de que o mundo e a humanidade estejam a progredir. São as guerras intermináveis entre povos, que parecem suceder-se umas às outras, sem que se estabeleça uma paz duradoira… São o racismo e a xenofobia, que levam os países a fechar fronteiras e erguer muros… São as lutas por um pedaço de chão que, enganosamente, achamos pertencer-nos por direito… são os crimes de violência doméstica e maus tratos contra crianças, a entrar-nos pela casa a dentro através dos meios de comunicação social… É escravatura negra ou branca… O desrespeito pelos direitos dos outros… A miséria ao lado do luxo extremo… A prepotência das maiores potências mundiais, indiferentes à miséria que grassa mesmo ao lado… Os desastres ambientais e a destruição do planeta, devido à busca incessante de lucros desenfreados… As tecnologias modernas ao serviço da destruição das relações humanas, em vez de ser foco de aproximação… As redes sociais ao serviço da maledicência e do exibicionismo, quando poderiam e deveriam ser recurso para a partilha saudável…

 Poderíamos ficar, interminavelmente, a desfiar o rol de sinais que nos fazem perder alguma fé no mundo, e perguntar: Mas em que está o Homem a transformar-se? É isto o progresso?

Poderá a Doutrina Espírita, de alguma forma, ajudar-nos a manter a esperança e a compreender o mundo tal como hoje se nos apresenta? Certamente que sim. Se aprofundarmos o seu estudo, encontraremos na Codificação valiosos recursos que auxiliarão a análise dos acontecimentos e ideias atuais e orientarão a necessária reflexão.

 Sim, porque é reflexão que está a fazer falta, em muitos setores da Sociedade. Estamos, de certa forma, a habituar-nos a agir por impulso, sem refletirmos nas consequências dos nossos atos. Vivemos esquecidos do que verdadeiramente nos trouxe a este mundo, nesta vida. Digo “esquecidos”. Esta é a palavra certa. Ninguém, sejam quais forem as suas crenças, ou falta delas, tem a desculpa de “não saber”. Todos já nascemos, morremos e renascemos neste mundo, vezes incontáveis. Não é, para nenhum de nós, a primeira vez. Todos assumimos, mais uma vez, como tantas outras, tarefas, missões, compromissos, de vária ordem, em função do que teríamos de aprender, saldar, emendar, nas nossas personalidades tendenciosamente afeitas mais ao Mal do que ao Bem. Todos, ao voltar, mais uma vez, à vida terrena, buscávamos corrigir e aperfeiçoar a nossa personalidade e aprender a viver de acordo com as Leis de Deus, por reconhecermos que só elas nos facultarão uma vida plena e feliz. Todos estudámos e aprendemos, antes do regresso, todos nos preparámos para o mundo que iríamos encontrar e para as tarefas que teríamos de desempenhar. Se falhamos, mais uma vez, é porque nos deixamos cegar pela matéria e preferimos o esquecimento. É sempre mais fácil dizer “Se eu soubesse! Se tivesse sido esclarecido!” Mas não somos marinheiros de primeira maré.

Perdemos tempo precioso e, com isso, estacionamos, contribuindo para o progresso tão lento desta Humanidade a que pertencemos, e que poderia estar já numa posição melhor, se nos empenhássemos nesse propósito. Todos, sem exceção, já que, se estamos aqui e agora, é porque pertencemos a esta ordem de coisas e dela necessitamos para a nossa própria evolução.

Façamos, então, uma breve reflexão, tomando como recurso o capítulo VIII, Lei do Progresso, no seu ponto II, Marcha do Progresso.

779. O homem tira de si mesmo a energia progressiva ou o progresso não é mais do que o resultado de um ensinamento?

- O homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira; é então que os mais adiantados ajudam os outros a progredir pelo contacto social.

778. O progresso moral segue sempre o progresso intelectual?

- É a sua consequência, mas não segue sempre imediatamente.

780-a. Como o progresso intelectual pode conduzir ao progresso moral?

- Dando a compreensão do bem e do mal, pois então o homem pode escolher. O desenvolvimento do livre arbítrio segue-se ao desenvolvimento da inteligência e aumenta a responsabilidade do homem pelos seus atos.

780-b. Como se explica, então, que os povos mais esclarecidos sejam frequentemente os mais pervertidos?

- O progresso completo é o alvo a atingir, mas os povos, como os indivíduos, não chegam a ele senão passo a passo. Até que tenham desenvolvido o senso moral eles podem servir-se da inteligência para fazer o mal. A moral e a inteligência são duas forças que não se equilibram senão com o tempo.

Vemos, pelas respostas dos Espíritos às questões colocadas por Allan Kardec, a necessidade de sublinhar o facto de inteligência e moral dificilmente andarem a par. A inteligência precede a moral. É necessário que assim seja para que o Homem tenha a capacidade de discernimento que o leve a bem usar o livre arbítrio e consiga compreender e tirar conclusões a partir das consequências dos seus atos. Vemos que atualmente a nossas sociedades estão a atingir culminâncias intelectuais, em que o conhecimento, a tecnologia, a ciência, evoluem a passos largos. Falta-nos aprender a usar todo esse conhecimento de forma a beneficiar e melhorar as condições de todos, em vez de nos guerrearmos. Colaborar em vez de competir. Amparar em vez de descriminar. Em suma, falta-nos vencer o orgulho e o egoísmo que nos separam e entravam o progresso pessoal e social.

Outro aspecto que chama a atenção nas respostas dos Espíritos, é o que se refere à colaboração dos mais adiantados em relação aos menos evoluídos. É o real motivo para nascermos e vivermos em sociedade: partilha, colaboração, necessidade de aprendermos uns com os outros, quer colhendo os bons exemplos, quer pela observação dos erros e suas consequências que nos ensinam, levando-nos a evitar o que não serve porque provoca sofrimento. Para toda essa aprendizagem, precisamos da ação do tempo, que levará ao equilíbrio entre inteligência e moral.

781. É permitido ao homem deter a marcha do progresso?

- Não, mas pode entravá-la algumas vezes.

783. O aperfeiçoamento da Humanidade segue sempre uma marcha progressiva e lenta?

- Há o progresso regular que resulta da força das circunstâncias, mas quando um povo não avança bastante rápido, Deus lhe provoca, de tempos a tempos, um abalo físico ou moral que o transforma.

O que é dito sobre a marcha do progresso dos povos, aplica-se igualmente à marcha individual. Temos a escolha nas nossas mãos. Podemos progredir pelo estudo, pela prática do bem, ou seja, pelo conhecimento e o amor, ou podemos necessitar dos abalos que a vida nos coloca no caminho, como chamada de atenção, ou seja, pela dor. Somos os artífices do progresso, quer pessoal quer da Humanidade terrena da qual fazemos parte.

A Lei de Progresso não permite regressões. O que conquistamos é nosso. Mas… por quanto tempo mais estacionaremos num patamar de expiação e prova, quando a estrada evolutiva é longa e se estende à nossa frente com as promessas de felicidade e bem-aventurança apresentadas pelo Mestre Jesus? A escolha é nossa. Quando o mérito exceder a necessidade de expiação, quer a Terra, na sua generalidade, tenha avançado ou não, Deus nos colocará no lugar adequado ao nosso estágio evolutivo. Mas, pelo contrário, a Terra poderá avançar sem nós. Se assim for, seremos nós a ser afastados para mundos menos evoluídos onde a nossa consciência continuará a ser trabalhada, pelo contacto com aqueles com quem nos afinizamos e com quem deveremos colher experiências enquanto colaboramos com os conhecimentos e qualidades que porventura tenhamos já adquiridos.

Como diz Léon Denis, no seu livro “O porquê da vida”, “É conforme seus atos com as leis superiores que o homem trabalhará eficazmente pelo seu próprio melhoramento e pelo da sociedade… Quando se compenetrar da grandeza da sua missão, o ser humano saberá desprender-se melhor daquilo que o rebaixa e abate; saberá governar-se criteriosamente, preparar pelos seus esforços a união fecunda dos homens numa grande família de irmãos”. Que bom será quando nos compenetrarmos disso!

Mais uma vez, a escolha é nossa. Estudemos, trabalhemos, afinizemo-nos com o Bem, enquanto estamos a caminho. Para isso, temos os ensinamentos do Mestre. Para isso, temos a Doutrina dos Espíritos. Não deixemos de aproveitar tão valiosos recursos!

 

 

 

 


 

A Pedagogia do Amor

 

(Crédito da imagem: jornaldacidadegv.com.br/)

            Quanto mais investigo e estudo os acontecimentos ligados a Jesus, as suas atitudes e ensinamentos, mais a sua personalidade me fascina.

            Se continuasse convicta da divindade do Mestre, como ser especial parte de um Deus tripartido, como a religião da minha infância me ensinou, não conseguiria admirar mais este Ser magnífico do que hoje o faço, olhando-o como o Homem que foi.

Sinto profunda gratidão pela Doutrina Espírita que me “abriu os olhos” para a realidade de uma fé raciocinada, que me faz entender que Deus, o único Deus do Universo, é um ser único e indivisível, e que o Seu Filho é um filho que, como todos nós, igualmente Seus filhos, foi criado simples e ignorante e que, através das experiências vivenciadas ao longo dos muitos milénios, cresceu, se aperfeiçoou e chegou a uma perfeição e posição espiritual que, também um dia, pelo nosso próprio esforço, haveremos de alcançar.

Jesus em nada perde da sua especialidade ao ser visto como o Homem que foi. Um Homem grandioso, sublime, sábio, amável até ao limite, capaz de perdoar aos ofensores que amava incondicionalmente, independentemente da sua origem social, mas que reprovava severamente o erro. Um Homem, que na sua grandiosidade e sabedoria, cultivava a humildade sem submissões desajustadas e castradoras, porque não deixava nunca de aproveitar todas as oportunidades de recriminar as injustiças e os atropelos aos direitos humanos, tão comuns na sua época e, incrivelmente, tão presentes ainda nas sociedades atuais.

Li, recentemente, uma frase que, para mim, resume brilhantemente a ideia que tenho de Jesus, numa obra do psicólogo, psiquiatra e psicoterapeuta brasileiro Augusto Cury, “Autocontrolo (2016): “Nunca ninguém tão grande se fez tão pequeno para tornar os pequenos grandes”. Efetivamente, esta humildade do Mestre atrai-me. Quem maior do que Ele passou e viveu na Terra? Como Ele mesmo explicou, já estava à direita do Pai quando este mundo terreno surgiu, foi seu cocriador com Deus, é o seu Governador Espiritual, obedecendo diretamente às ordens Divinas. No entanto, nunca ninguém mais humilde por aqui passou e, simultaneamente, nunca ninguém teve tal poder de influenciar multidões, até aos dias de hoje, com a Sua Doutrina de Amor.

Não foram os “milagres” que fizeram Dele grande, embora, de certo modo, tenham servido para alavancar o despertar de um povo simples que, naquele tempo, primava pela ignorância intelectual. Mas eram, para além de tudo, um povo desesperado pela dor, pelas injustiças de que era alvo, pela exclusão e miséria social. Um povo que, no meio da dor e do desespero, recebeu o chamado do Amor.

Jesus tinha um método pedagógico infalível: a pedagogia do Amor. Em todos os Seus gestos e palavras transparecia um Amor incondicional pela Humanidade em geral e por cada um daqueles que cruzavam o Seu caminho, desde os discípulos aos mendigos e sofredores em busca de cura, consolo e esclarecimento; desde o ser mais miserável do ponto de vista da sociedade da época, passando pelos pecadores e gente de “mau nome”, até aos privilegiados socialmente, que, sem deixar de alertar para a vida enganosa que viviam, o fazia com a maior doçura e mansidão.

Não só preconizava que todos somos iguais perante o Pai, como tratava todos com a mesma deferência, equidade e justiça, tornando-se, com esse modo de proceder, o grande percursor da “moderna” e tão apregoada inclusão. Não houve, na realidade alguém mais inclusivo do que Jesus. Muito tem a aprender a moderna pedagogia com o exemplo e ensinamentos desse grande Mestre, e muito aprenderá quando se der ao trabalho de seguir os Seus passos. Toda a Sua mensagem de Amor e toda a Sua vida pública, tão repleta dos maiores exemplos de como atuar de acordo com o que se ensina (relação teoria-prática), deveriam ser a grande base para qualquer método pedagógico que se pretenda vivo, dinâmico, inclusivo, formador de cidadãos plenos.

Como estão longe os nossos métodos, que julgamos tão modernos e atuais, dessa pedagogia do Amor ensinada e vivida por Jesus, infelizmente!

Usar esta pedagogia, tomando o Mestre como referência, pautar a nossa atuação, perante as crianças e jovens que temos como missão encaminhar, nas escolas, nos jardins de infância, no seio das famílias, nas associações e agremiações desportivas, em qualquer lugar e situação em que somos chamados a viver e conviver com esses seres em formação, deveria ser o propósito de qualquer educador, professor, pai, mãe, dirigente, etc. Esquecemo-nos ou, infelizmente, nem sequer pensamos muito nisso, que o grande objetivo da educação, seja intelectual, moral, espiritual ou social é encaminhar para Deus os seres chegados à Terra, via reencarnação. Se Deus é Amor, é impossível chegar até Ele por outra via que não seja o Amor. 

Achamos que amamos os nossos pequeninos, e, efetivamente, amamos, mas de um jeito muitíssimo imperfeito e equivocado. Esquecemos, constantemente, o propósito da sua chegada ao nosso seio familiar e ao meio educativo onde os recebemos. Esquecemos o que é essencial e insistimos no supérfluo de um materialismo desregrado, insistindo em dar-lhes aquilo que nós próprios consideramos útil e imprescindível do ponto de vista de uma vida passageira e acelerada, educando-os para a competição, a ascensão social e, desde bem cedo, ensinamos que a felicidade só é alcançada a custo do “ter”, relegando o “ser” para um plano acessório. Essa forma de educação não é uma estratégia adequada, porque faz deles seres em busca do imediato, não os prepara para as realidades que vão ter de encarar ao longo da caminhada como seres imortais, afastando-os do real sentido da vida e levando-os a estacionar em vez de evoluir. Afasta-os dos objetivos com que reencarnaram e torna as metas a que se propunham, aquando do planejamento espiritual, muito mais distantes mais do que seria suposto e desejável.

Por outro lado, métodos educativos demasiado severos, frios, calculistas e pautados por regras desajustadas e insensíveis, o que também é mais frequente do que nos poderia parecer, não se adequam ao mundo de Amor que pretendemos construir. Este mundo de Amor, em que imperará o bem, parece-nos cada vez mais afastado da realidade atual. Se, por um lado, isso nos parece desse modo devido à dificuldade de abarcar o tempo milenar que a humanidade já viveu e “esquecemo-nos” muito das realidades do passado, não deixa de ficar também a dever-se à nossa incompetência como educadores, que não temos sabido conduzir devidamente as gerações que temos tido a nosso cargo. O Amor não é algo que se ensine exclusivamente através de palavras, embora a palavra seja também um imprescindível veículo pedagógico. Só se ensina verdadeiramente a Amar, amando. Jesus, desde cedo, aliou as palavras de sabedoria às atitudes demonstrativas desse Amor. Ensinou como fazer, fazendo. Em três anos de vida pública, ensinou e demonstrou conceitos e ideias que ficaram até aos dias de hoje e ficarão pela eternidade fora, sempre com a mesma adequação ao momento que corre, como se tivessem sido trabalhados para cada instante exato em que deles necessitamos.

Não é à toa que consideramos Jesus o Mestre dos Mestres. Grandes mestres e grandes pedagogos se têm sucedido na história terrena, mas mais não foram do que percursores do Grande Mestre dos Mestres. A sua vida, simples e humilde, funciona como um verdadeiro manual de pedagogia que não sai de prazo, não desatualiza e há de resistir ao avançar das ideias de todos os tempos.

Augusto Cury, supracitado, no seu livro “O Mestre Inesquecível, Jesus” (2013), que tem como foco formar educadores tomando com exemplo o trabalho do Cristo, chama-lhe o Mestre da Sensibilidade, da Vida e do Amor. É interessante ver como este autor, palestrante e formador, que não é espírita e, até há bem pouco tempo, se considerava ateu, se tem dedicado, nos últimos anos, ao estudo da personalidade de Jesus. Nos seus livros, da série Análise da Inteligência de Cristo, dedicada a esse tema, afirma: “Aprendi com o Mestre da Sensibilidade a navegar nas águas da emoção, a não ter medo da dor, a procurar um profundo significado para a vida e a perceber que, nas coisas mais simples e anónimas, se escondem os segredos da felicidade. Aprendi com o Mestre da Vida que viver é uma experiência única, belíssima, mas brevíssima. E, por saber que a vida passa tão depressa, sinto necessidade de compreender as minhas limitações e aproveitar cada lágrima, sorriso, sucesso e fracasso como uma oportunidade para crescer. Aprendi com o Mestre do Amor que a vida sem amor é um livro sem letras, uma primavera sem flores, uma pintura sem cores. Aprendi que o amor acalma a emoção, tranquiliza o pensamento, incendeia a motivação, rompe obstáculos intransponíveis e faz da vida uma agradável aventura, sem tédio, angústia ou solidão. Por tudo isto, Jesus Cristo tornou-se, para mim, um Mestre Inesquecível” (itálicos nossos). A dedicação ao estudo da personalidade do Mestre e as conclusões que desse estudo lhe advieram são um bom exemplo do que poderemos colher se nos aprofundarmos no conhecimento dos Seus ensinamentos, veiculados pela palavra e pela exemplificação do Amor.

No “Livro dos Espíritos”, de Alan Kardec, a pergunta 625 foi apresentada aos Espíritos nos seguintes termos: “qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?”. A resposta foi dada numa única e significativa palavra: “Jesus”. Temos, nesta resposta, o resumo daquilo que a Humanidade precisa para avançar na caminhada evolutiva. Temos aí o mote para a adoção da estratégia educativa de Jesus, a Pedagogia do Amor, que nos ajudará a impulsionar as novas gerações a trabalhar na construção da sua personalidade e, consequentemente, na construção de um mundo melhor.

 

Bibliografia

Allan Kardec; O Livro dos Espíritos.

Augusto Cury; Autocontrolo.

Augusto Cury; O Mestre Inesquecível, Jesus.

 

 

 

 

 

 


HÁ DOIS MIL ANOS

 


“Não julgueis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.”

(Mateus, X: 34-35)

Eu vim trazer fogo à terra, e que quero eu, senão que ele se acenda? Eu, pois, tenho de ser batizado num batismo, e quão grande não é a minha angústia, até que ele se cumpra? Vós cuidais que eu vim trazer paz à terra?”

(Lucas, XII:49-51)

 

Há dois mil anos, esteve Ele entre nós

Trazendo uma Doutrina de Verdade

Que, qual fogo, deveria irradiar

Luz e Amor para toda a Humanidade.

 

Fundamentos de uma Era Futura,

Sementes a germinar Felicidade,

Espada do Amor a simbolizar

Lutas contra as amarras da maldade,

 

Que a nós trazíamos acorrentadas,

E que ainda não soubemos desprender.

Sem nada conseguirmos entender,

 

Saímos com a espada das cruzadas!

Quando iremos nós, finalmente, ver

Que essa luta é no imo de cada ser?!


Muitos Mundos, Muitas Moradas da Casa do Pai

 

Acreditas em VIDA PARA ALÉM DA TERRA? 

Ou és daqueles que continuam a achar que estamos SOZINHOS NO UNIVERSO, apesar da imensidão que o nosso olhar não alcança?

Esta REFLEXÃO É PARA TI!



Mundos girando num carrossel mágico de luzes flamejantes, por caminhos que se cruzam no espaço insondável. Mundos que deslizam perante o nosso olhar curioso e deslumbrado, que desliza pelo espaço noturno, esse espaço imenso e imensurável. Por mais que a ciência humana procure sondar os seus escaninhos, recorrendo a instrumentos de alta definição, inventados pela ânsia de saber e conhecer, o nosso olhar continua mal adestrado para o aprofundamento por esse caminhos encobertos pela imensidão do infinito.

Perante tal vastidão, que se não vislumbramos, pelo menos antevemos pela inteligência e o raciocínio, somos forçados a interrogarmo-nos sobre o porquê e a função de toda essa extensão de mundos que se estendem e giram para além do espaço e do tempo por nós conhecido.

A Terra, nosso habitat natural, compreendemos ser um minúsculo grãozinho perdido nessa imensidão sideral. E, ainda assim, é viveiro de experiências sublimes e enriquecedoras, sem as quais milhões de Espíritos reencarnados não teriam condições de evoluir, resgatando débitos, ensaiando provas e apreendendo novas etapas que os conduzem pelo caminho do progresso. A Terra, planeta abençoado, mas tão pouco amado, compreendido e protegido pelos seus habitantes, quais alunos mal comportados e pouco estudiosos, esquecidos das sublimes lições, oferece-nos mil ensejos de evolução espiritual, se soubermos bem aproveitar as oportunidades de crescimento oferecidas pelo Pai Amado, Senhor de tudo quanto existe e Pai de Infinita Bondade, que jamais nos falta, mesmo quando não sabemos perceber a Sua ajuda e proteção.

No entanto, não comporta a Terra toda a trajetória evolutiva que nos cumpre percorrer a caminho da perfeição anunciada pelo Mestre Jesus. Foi Ele mesmo quem nos informou acerca disso, quando disse que “Há muitas moradas em casa de Meu Pai”. Porque deveria haver muitas moradas em casa do Pai, podemos nós, muito legitimamente, perguntar, se a Terra e apenas ela é habitada e oferece tudo o que há para viver e aprender?

A par da ciência atual, que em muitas das suas vertentes permanece já em busca de respostas, cada vez mais convicta da possibilidade lógica de haver vida no espaço para além do que os nossos instrumentos imperfeitos alcançam, desde o século dezanove, com o advento do Espiritismo, Consolador prometido por Jesus, são os Espíritos que nos esclarecem e ajudam a ver a questão com mais clareza. À pergunta de Allan Kardec, na questão 55, parte V – Pluralidade dos Mundos – do capítulo III, Criação, do Livro dos Espíritos, “Todos os globos que circulam no espaço são habitados?”, a resposta é objetiva: “Sim, e o homem está bem longe de ser, como acredita, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Há, entretanto, homens que se julgam espíritos fortes e imaginam que só este pequeno globo tem o privilégio de ser habitado por seres racionais. Orgulho e vaidade! Creem que Deus criou o Universo somente para eles.” E acrescenta o Codificador “Deus povoou os mundos de seres vivos, e todos concorrem para o objetivo final da Providência. Acreditar que os seres vivos sejam limitados apenas ao ponto que habitamos no Universo, seria pôr em dúvida a sabedoria de Deus, que nada fez de inútil e deve ter destinado esses mundos a um fim mais sério do que alegrar os nossos olhos. Nada, aliás, nem na posição, no volume ou na constituição física da Terra, pode razoavelmente levar-nos à suposição de que ela tenha o privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de mundos semelhantes.”

E podemos nós ainda acrescentar: que dizer então de tantos e tantos outros mundos que nem conseguimos sequer ver? Se nem o fútil objetivo de servir de deleite ao nosso olhar têm, qual, afinal, a finalidade da sua existência, caso fossemos nós os únicos e solitários habitantes do espaço?

Somos levados a questionar a improvável objetividade da crença enraizada em muitas mentes, apenas justificável pela vaidade e orgulho humano, que tende a descrer do que possa por em causa a sua supremacia.

Mas, como tudo, a nossa inteligência tem evoluído ao longo dos séculos e milénios, e, com ela, a nossa capacidade de inferir, raciocinar e concluir, bem como a ânsia de questionar e buscar mais além do que os nossos sentidos físicos conseguem provar. Faz parte do crescimento espiritual. Só duvidando encontrámos a luz. Por isso, o homem de hoje já não se contenta com explicações pueris e vãs que nos afastam do real conhecimento e da nossa verdadeira essência que é sermos Seres Espirituais.

Mas então, outras questões subjacentes nos podem acorrer à mente. Se não somos os únicos, porque não encontram os cientistas que buscam vida extraterrestre, maiores sinais da vida existente para além da nossa atmosfera? Se há tantos e tantos outros mundos semeados pelo Universo, porque não os conseguimos encontrar? Se, como dizem os Espíritos, nem sequer somos nós os mais adiantados, quer em moral, quer intelectualmente, a habitar o espaço, porque não entram em contacto connosco esses seres inteligentes (até com a finalidade de partilhar conhecimentos e valores morais, ajudando ao nosso crescimento)?

Estas e muitas outras interrogações são legítimas. Mas é também legítimo que usemos o raciocínio e a inteligência para discernir o que é bom para nós e o que apenas poderia constituir mais um entrave à nossa evolução. Consideremos o seguinte:

1)     Deus, que tudo prevê e a tudo provê, sabe muito melhor do que a nossa pequenez permite o que é bom e o que não é bom, quer para o nosso progresso pessoal, quer para o progresso da Humanidade. Há um tempo para tudo. Tal como preveniram os espíritos, o conhecimento é-nos dado de acordo com a capacidade de o absorvermos. Não podemos cair no erro de querer vencer etapas;

2)     A Humanidade progride e avança à medida do seu trabalho, do estudo, do empenho. Se nos fosse dado tudo de “mão beijada”, o conhecimento não decorreria do esforço e, por isso, não resultaria em avanço da capacidade intelectual. Além disso, há que contar com o livre arbítrio. Enquanto o homem se empenhou em rejeitar toda e qualquer hipótese de existência fora do âmbito terreno, não empreendeu quaisquer esforços no sentido de a buscar. Agora que a ciência começa a sua busca nesse campo, certamente que avanços serão feitos, indubitavelmente sob o amparo espiritual de que o homem precise e mereça;

3)     Que faríamos nós, humanos ainda tão imperfeitos e “amigos” do litígio, da guerra, do racismo, da descriminação, imersos na ânsia do poder, se encontrássemos vida inteligente fora da Terra? Se encontrássemos planetas, habitados ou não, que nos oferecesse recursos mais elevados dos que temos no nosso mundo terreno? Nós que nem o nosso habitat respeitamos, que malbaratamos o que o criador colocou ao nosso dispor com tanto amor e cuidado? Podemos imaginar o que sucederia: depressa empreenderíamos todos os esforços possíveis e impossíveis para concretizar as nossas piores ambições de colonização, exploração dos recursos encontrados até à última possibilidade, escravização pela força de quem por lá viéssemos a encontrar… Por isso, mais uma vez, tudo terá de vir a seu tempo. Temos talvez ainda muito que amadurecer, crescer e moralizar-nos, até termos condições e fazer certas descobertas que ansiamos, pois, se por um lado, não temos o direito de incomodar e prejudicar na sua caminhada outros seres que povoem o Universo, as descobertas que viéssemos a fazer, sem condições para entender e bem usar, seriam um mal muito maior do que um bem;

4)     Por último, e não menos importante, o que procuramos nós, afinal? O que procura a ciência nas suas explorações extraterrestres? Vida semelhante à nossa? Planetas que ofereçam condições idênticas às que na Terra foram imprescindíveis para o surgimento e a manutenção da vida na Terra? Recorremos, mais uma vez para que se faça luz neste assunto, às considerações que o Livro dos Espíritos nos oferece. Questão 56 do capítulo anteriormente referido: “A constituição física dos diferentes globos é a mesma?” Resposta: “Não; eles absolutamente não se assemelham.” Questão 57: “A constituição física dos mundos não sendo a mesma para todos, os seres que o habitam terão organização diferente?” Resposta: “Sem dúvida, como entre vós os peixes são feitos para viver na água e os pássaros no ar.” Perante isto, fica a pergunta: Se encontrarmos vida extraterrestre, teremos facilidade em a identificar? Ou ficaremos, nas possíveis viagens pelo espaço, convictos de que nada existe porque os nossos sentidos físicos terrestres nada puderam perceber?

Importa concluir com a consideração de que, se é verdade que são muitas as moradas na casa do Pai, e se não estamos sozinhos no Universo, para além da busca incessante pelo conhecimento que a Humanidade atualmente empreende, é imprescindível que aprendamos a conhecer, respeitar e cuidar deste grãozinho no Universo, que é a nossa casa, por enquanto. Quem não cuida da sua casa, como poderá desejar visitar outras moradas?

Deus jamais nos abandona. Prova disso é a Doutrina Consoladora que, enviada por Jesus nos vem esclarecer e incentivar ao progresso constante. Dias virão em que teremos condições de habitar outros mundos onde a inteligência e a moralidade estão mais avançadas. E dias, certamente, virão também, em que, mesmo habitando a Terra, seremos abençoados pela possibilidade de alargar os nossos horizontes por esse espaço imensurável e infinito que é a Casa do Pai.

Mundos

Mundos girando num carrocel mágico

De luzes flamejantes, por caminhos

Que se cruzam no espaço insondável.

Mundos cujo alcance não se vislumbra,

 

Não abarcados pelo olhar letárgico

De quem, esquecido nos escaninhos

De velhas eras do tempo imparável,

O olhar não adestrou na penumbra

 

Que encobre a vastidão que se estende

Pelo espaço imenso e imensurável.

A mover-se em contínua ascensão,

 

Albergam a Vida que em si aprende

A subir, seguindo imperturbável,

A escada íngreme da Evolução.

 

EVOLUÇÃO... OU REGRESSÃO?

Somos constantemente confrontados com esta questão, quer nas nossas reflexões pessoais, quer em conversas com amigos e conhecidos. São mui...